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'Se alguém ainda duvidava da importância do jornalismo, a Covid-19 mostrou que a informação salva vidas'

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Foto: Rodrigo Ricordi (Diário)
Repórter Pâmela Rubin Matge foi imunizada, assim como outros jornalistas de Santa Maria

Jornalismo é feito de gente, história e memória. Desta vez, 14 de julho de 2021, virou um capítulo avesso, figurado justamente por gente que tem a responsabilidade de comunicar todos os dias páginas de uma história ainda em curso, desde março de 2020: o novo coronavírus. É que nesta quarta-feira foi o dia dos jornalistas serem vacinados em Santa Maria.

Junto de outros colegas, a comemoração de cada dose se desdobrava nas memórias de tudo que deparamos e das que continuaremos a criar para, logo, revisitarmos. Espero que venham com novas e otimistas abordagens.

Até aqui, a narrativa da pandemia prezou por proteger pessoas da maior crise sanitária e global já atravessada. Diante do desconhecido, acompanhamos desde os primeiros casos suspeitos da Covid-19 à cobertura das doses dos imunizantes ovacionadas em cada avião que aterrissava com mais esperança em solo santa-mariense. Falamos de prevenção, de negligência, de cura, de vida e de morte.

Circulamos as ruas do Centro e da periferia. Publicamos estatísticas e retratamos nomes e sobrenomes. Cobramos, fiscalizamos, repercutimos polêmicas e atacamos fake news em uma época proliferada por oportunismo e desinformação. Ouvimos a diversas categorias e órgãos. Cobrimos inauguração de leitos e interrupção de serviços. Em um ano e quatro meses, estivemos em escolas, igrejas, presídios e até dentro de UTIs. Também fomos a linha de frente.

É claro que falhamos enquanto imprensa, como falha a empreitada humana, mas se alguém ainda duvidava da importância do jornalismo, a Covid-19 mostrou que a informação salva vidas.

A vacinação contra o coronavírus na manhã desta quarta-feira, mais do que nunca, nos humanizou e encurtou a distância entre o profissional e o pessoal. Alguns de nós passaram ilesos ao contágio do vírus, enquanto outros travaram batalhas (física e mental) para superar a doença.

O sentimento de ser imunizada se manifestou na companhia de cada colega que, sem exceção, sentiu os efeitos da pandemia dentro e fora da Redação. Da angústia e solidão do home office a quem não fez nem sequer um dia de trabalho remoto (aqui me incluo); da saudade de familiares sufocada pela necessidade do isolamento social ao mais devastador dos cenários: as perdas. Somente aqui, de onde escrevo neste momento, no espaço de 200 m², três colegas sepultaram suas mães. Muitos perderam amigos e familiares, e não há ninguém que não tenha conhecidos que sucumbiram à Covid.

A foto acima, segundos depois que a estudante de enfermagem da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) Brenda Machado de Andrade, 21 anos, aplicou a vacina em meu braço, simboliza mais que uma proteção individual. É um apelo contra a politização do vírus e à valorização do trabalho responsável da imprensa. A imagem sintetiza o que ainda me motiva a acordar todos os dias e acreditar: a tríade ciência, coletividade e jornalismo.

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